De ex-companheiros de banda para quase inimigos: A história de Tim Maia e Roberto Carlos

  • Danilo Souza

Não é novidade para ninguém que Tim Maia e Roberto Carlos são dois nomes consolidados da história da música brasileira, mas o que muita gente pode não saber é que ambos os artistas já fizeram parte da mesma banda no início de carreira e foram de companheiros de banda para quase inimigos, por conta de um desentendimento. 

Tanto o Tim Maia quanto o Roberto Carlos moravam na Tijuca, no Rio de Janeiro, e por serem adolescentes morando na mesma região e com interesses em comum, desenvolveram a amizade quase que instantaneamente. Como resultado da boa relação que os dois tiveram logo de cara surgiu a banda “Os Sputniks”, que também contava com Arlênio Lívio, Wellington Oliveira e Edson Trindade. Mas o grupo não durou muito tempo, já que Roberto Carlos decidiu sair da banda e iniciar sua própria carreira solo, deixando os “Os Sputniks” em crise. O fim não foi imediato, mas sem Roberto, o principal nome do conjunto, era apenas questão de tempo para a separação. 

Com o término das atividades dos Sputniks, Tim Maia mudou-se para os Estados Unidos e por lá acabou sendo preso e deportado de volta para o Brasil no ano de 1964. A breve passagem em solo estadunidense, mesmo que conturbada, foi essencial para sua carreira, visto a referência musical que Tim adquiriu. No país, o artista conheceu nomes como The Beatles, James Brown, Rolling Stones e Bee Gees, por exemplo. Em seu retorno para o Brasil, Tim encontrou Roberto Carlos em alta junto com o movimento da Jovem Guarda, enquanto ele precisava de ajuda para se manter. Esse fato foi um impacto para o cantor, já que o mesmo tinha envolvimento direto no sucesso do Roberto Carlos, inclusive compondo músicas interpretadas pelo rei, como a faixa “Não Vou Ficar”.  

A essa altura, Roberto fazia parte do programa de televisão “Jovem Guarda”, na Rede Record, e o Tim decidiu ir até lá para tentar ter contato com ele, mas não foi bem recebido. Roberto Carlos afirmou ter respeito pelo ex-companheiro de banda, mas não foi o que pareceu por conta da maneira como agiu. Ele já era uma pessoa bem-sucedida em questões financeiras nessa época e o que ele fez foi deixar dinheiro com seu assistente pessoal para que esse, sim, entregasse para o Tim, porém o assistente acabou jogando as notas em direção a ele. Essa é a versão da história conhecida através de uma entrevista em que ele mesmo falou sobre isso e que foi reforçada em uma cena presente no filme que conta a sua biografia, apesar dessa versão ser contestada por Roberto.

O fato é que Tim seguiu sua carreira em busca do sucesso. O que aconteceu nos anos seguintes após a convivência e grande influência de Tony Tornado, que o apresentou a música Soul. Em 1970 ele gravou o seu primeiro disco, intitulado “Tim Maia 1970”, onde estavam faixas que foram grandes sucessos como “Eu Amo Você” e “Primavera”, compostas pelo cantor Cassiano, e “Azul da Cor do Mar”, uma composição de Tim Maia. O álbum recebeu boas análises da crítica e do público, consolidando o artista e o motivando a seguir trabalhando. E assim foi até 1998, quando Tim faleceu devido a uma parada cardiorrespiratória dando fim a uma vida e uma carreira cheia de altos e baixos, mas que durou tempo suficiente para ser memorável e deixar um legado.


Danilo Souza

Estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), músico e produtor audiovisual independente.

danilosouza.jornalismo@gmail.com (Email)
@danilosouza.jornalismo (Instagram)

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