28 anos sem Mamonas Assassinas

  • Danilo Souza

 

A banda Mamonas Assassinas. Da esquerda para direita: Samuel Reoli, Dinho, Sérgio Reoli, Júlio Rasec e Bento Hinoto. Foto: Reprodução

Letras cômicas, boas críticas, instrumentais que vão do heavy metal até o pagode e um carisma inigualável. Esta é a definição do que foram os Mamonas Assassinas, os cinco garotos de Guarulhos que mostraram ao Brasil que o tal “segredo do sucesso” é não levar a vida tão a sério o tempo todo. Em uma carreira meteórica, com apenas nove meses entre a chegada ao auge e o fim, o grupo fez mais que o suficiente para deixar saudade para sempre nos corações brasileiros. Já são 28 anos sem eles…

Apesar disso, o plano inicial era sim ser uma “banda séria”. O grupo Utopia, que possuía a mesma formação que posteriormente se tornaria Mamonas Assassinas, ainda chegou a produzir um álbum com um viés de rock oitentista, mesmo tendo sido lançado em 1992. O disco não teve o sucesso especial esperado pelo grupo, porém, durante umas das sessões de estúdio eles tocaram a música “Mina” - depois passou a se chamar “Pelados em Santos” - de forma despretensiosa e chamaram a atenção de Rick Bonadio, o produtor musical da banda, que decidiu que aquele era o caminho a seguir a partir daquele momento. Além de “Pelados em Santos”, a banda também gravou uma versão demo de “Robocop Gay”.

Juntos, os cinco membros seguiram compondo as faixas, já pensadas com o tom cômico, que fariam parte do álbum. O nível de musicalidade do conjunto abriu portas para ter acesso aos mais variados tipos de referência para as composições, como a música portuguesa em “Vira Vira”, a música nordestina em “Jumento Celestino”, o punk em “Chopis Centis” e o funky e o groove em “1406”, em uma nítida inspiração do Red Hot Chilli Peppers, que estava em alta naquele momento. Mesmo com tantas referências somadas, havia um diferencial; somente os Mamonas podiam ser os Mamonas. O talento e a genialidade iam além dos estúdios e dos palcos, sendo notados, também, na postura divertida dos integrantes e nos seus trajes durante as apresentações.

Os Mamonas Assassinas foram um sucesso imediato. Suas músicas tocavam nas rádios e a sua presença era disputada por todos os programas de televisão nos fins de semana, pois era um sinônimo de alta audiência. A agenda de shows também passou a estar sempre cheia, assim como todos os locais, às vezes estádios, em que a banda se apresentava. Na turnê de lançamento do disco, o grupo tocou por todo o Brasil ao longo de meses. A mesma turnê seria levada para a Europa, mas esse momento nunca aconteceu…

Após finalizar a série de apresentações em solo brasileiro, os Mamonas se preparavam para ir a Portugal. A banda saiu de Brasília, cidade onde fizeram o último show da turnê, e embarcaram em um avião particular rumo a São Paulo, onde iriam descansar antes de viajar para a Europa. Entretanto, no trajeto entre as duas cidades brasileiras, no dia 02 de março de 1996, o avião onde estavam todos os integrantes do Mamonas Assassinas se chocou contra a Serra da Cantareira, causando comoção nacional, já que nenhum tripulante da aeronave sobreviveu.

Assim terminava a carreira, com menos de um ano em atividade, daquele que era o maior fenômeno da cena musical do país na época. Ali, o Brasil perdeu bem mais que cinco músicos; o Brasil perdeu um símbolo de alegria. O segundo baque em um curto espaço de tempo, já que Ayrton Senna, que também possuía uma imagem de herói para os brasileiros, partiu dois anos antes, em maio de 94.

A morte, na verdade, foi somente uma passagem da vida carnal para a eternidade. Os Mamonas Assassinas, mesmo quase trinta anos após o trágico fim, ainda têm as suas canções cantadas por pessoas de diversas idades por todo o país. O álbum homônimo, lançado em 95, foi um marco para a música brasileira e permanece até hoje entre a lista dos discos mais vendidos da história do país, com três milhões de cópias. Quem pôde ver, diz que não haverá um novo Mamonas Assassinas e quem não teve a oportunidade, mesmo assim, se encanta pela história e se lamenta pelo triste fim do conjunto. Apesar da viagem para a Europa não ter se concretizado, não é exagerado dizer que os Mamonas e a sua Brasília amarela de rodas gaúchas saíram de Guarulhos para o mundo…


Danilo Souza

Estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), músico e produtor audiovisual independente.

danilosouza.jornalismo@gmail.com (Email)
@danilosouza.jornalismo (Instagram)

Comentários


Instagram

Facebook