Forte e corajosa, sim. Porém depende!

  • Thaty Miranda

Aconteceu há uns 14 dias. Eu tinha chegado de um plantão de 24 horas e estava sozinha. Tentava me concentrar no material que estudava, apesar do cansaço e do calor insuportável. Na televisão silenciada, o JN. Na rua, o costumeiro e incômodo barulho de carros e "motos-foguete". De repente, ela! Entrou pela porta da frente e atravessou a sala. Trêmula, me levantei do sofá e consegui acompanhar com os olhos o seu percurso: ia vencendo o corredor, passou pela cozinha e chegou à área de serviço.

Ali, já no meio do trajeto, eu me esforçava para compreender a lógica daquela intrusa. Como assim, vem da rua, atravessa a casa inteira e vai direto para a área de serviço? Parecia conhecer muito bem o caminho. Não é possível! A barata mora aqui em casa, minha gente? Fiquei atarantada por uns instantes antes de reunir um pouco de coragem e finalmente fechar a porta da cozinha. Depois corri ao banheiro e fechei a janela. Inferno!                                  

Voltei à sala, bloqueei todas as possíveis passagens para insetos e me sentei no sofá novamente. Estudar? Impossível! A pergunta que fazia a mim mesma era: "Como vou dormir aqui hoje?" E se aquela invasora saísse de onde estava? Havia outras dela atrás dos móveis ou dos livros? E embaixo dos lençóis? Quantas teriam se mudado para a minha casa durante o período em que estive fora?  Imersa nos pensamentos mais sombrios, com imagens de baratas voadoras, nem percebi o tempo passar.

Já era tarde e eu tinha um compromisso logo cedo, no dia seguinte. Precisava dormir. Como medida de segurança, acendi todas as luzes, rezando para que aquela coisa repugnante confirmasse a teoria de que insetos preferem ambientes escuros. Me torturei por não ter comprado inseticida na última ida ao supermercado. Exausta, adormeci.

Despertei com o alarme do celular. Ao som de "Onde anda você?", com Vinicius de Moraes e Toquinho, fui me dando conta que era dia. O sol que atravessava a janela fechada do quarto e a música boa me davam alívio. Me sentia segura. Na cozinha, enquanto preparava um café para acordar de verdade, pude ouvir o final da conversa das minhas vizinhas que estavam na garagem. Uma disse à outra:

– Era uma barata enorme!

Meu Deus! Seria ela? Antes de sair para a minha incumbência, comprei o bendito inseticida e gastei quase metade da embalagem só na área de serviço. Infelizmente não achei nenhum inseto morto depois disso.

Acabei me lembrando de todo esse sofrimento agora há pouco, quando abri o armário para pegar água sanitária e algo escuro se moveu rapidamente atrás do material de limpeza. Será  ela? 


Thaty Miranda

Thaty Miranda: jornalista, radialista, viajante, concurseira, baiana, ariana e apaixonada pela vida!

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