Imagem: print da série Friends

E por falar em chorar os mortos, esta semana a pior espécie de bruxa esteve solta: os holofotes pareciam cintilar travessuras nada doces em perda de figuras que deixaram sua marca no mundo. A vida segue, mas fica difícil celebrar em fantasias. As máscaras não cobrem nem sustentam os pés no chão e a vontade de chorar enquanto rascunhamos sorrisos e superações. As aparências sobretudo não nos enganam, aos nossos sentimentos e a forma como seguimos marcados e abalados…

A vida é uma mistura de emoções, um verdadeiro enredo que vai do riso às lágrimas muito rápido em reviravoltas inesperadas que não nos permite ensaios, mas que precisa ser valorizada e cuidada em mínimos detalhes.

Após o tatuador e humorista soteropolitano Tássio Bacelar nos deixar de forma trágica e abrupta por fratura craniana em uma queda de bicicleta, foi a vez do também humorista baiano Rodrigo Amendoim sucumbir em meio ao turbilhão da fama e da pressão das redes sociais que lhe fizeram escolher desligar seu palco pessoal. Uma ironia da vida: ele, que sempre fez rir, viu-se em um palco de angústia. Em um mundo onde as expectativas são mais implacáveis que o humor, é como se a comédia desse lugar a um vazio amargo e tão triste, tão inesperado, tão pesado… O vazio da falta de família, de apoio, de afeto, de socorro e de saúde mental mesmo para quem ganha dinheiro.

Paralelamente às perdas mais próximas, a partida de Matthew Perry deixou uma nuvem de melancolia sobre os fãs de "Friends". Com sua morte, partiu também uma possível continuação das desventuras dos seis amigos nova-iorquinos. Afinal, sem Chandler, a busca por novos episódios é como procurar uma agulha no palheiro. O sarcasmo e a ironia de Perry foram ingredientes essenciais naquela mistura de comédia, amor e amizade que marcou uma geração. E quão carentes nós estamos de laços! Perry, foi sincero e honesto com suas lutas contra vícios que impactam em vidas ao redor, mostram que processos são difíceis e que algumas lutas nunca acabam…

Em meio a todo esse frenesi, eis que Neymar, o eterno craque da polêmica, conseguiu um "se liga" coletivo – da atual ex-noiva, da ex que ostenta um valioso “livramento” e do presidente Lula. Seu jeito moleque parece não combinar com a seriedade que a vida adulta e seus vínculos exigem, provocando suspiros cansados de decepção e festas de constante terror. Mas a maturidade é sobretudo uma necessidade percebida e desenvolvida com consciência e autopercepção. Nenhuma mente se desenvolve sem a devida atenção e, pasmem, investimento…

Pelo menos, pudemos vibrar por nosso hermano Lionel Messi fazer história ao acrescentar uma Bola de Ouro à sua coleção. Seu talento nos gramados orgulha sua família e faz os olhos de sua mulher brilharem com tudo que ele representa em campo e fora dele. Um lembrete de que a excelência, quando combinada com a humildade, é uma verdadeira obra-prima, inspiradora e saudável para contemplar e se esperançar em dias difíceis.

Assim como os mortos permanecem entre nós enquanto viver quem os carregam nas memórias, seguimos traçando e acompanhando histórias profundas, humanas e complexas de tantos modos. Nossa dor importa. A dor do outro importa. E tudo isso vai para muito além do Setembro Amarelo. Estamos adoecidos e adoecendo enquanto sociedade…

Por mais que estejamos acostumados a ver ícones brilhando nos palcos, eles também enfrentam os desafios do mundo real e são reais como a gente. Seja na comédia, na luta contra os vícios ou nos altos e baixos de uma carreira, a vida continua implacavelmente efêmera, a tecer suas histórias, transformando sorrisos em lágrimas e vitórias em lições.

Para toda gente, ao evoluirmos em saúde mental e laços, percebemos que é melhor ser rico daquilo que o dinheiro não compra.

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Laís Sousa

Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!
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