Nosso sexo de cada dia

  • Ingrith Oliveira

O sexo pode ser gostoso no primeiro encontro ou depois de uma vida inteira juntos. No casual temos a euforia e expectativas de algo novo. Em uma relação de longa data temos a solidez de uma intimidade regada de muitas experiências.

O sexo tem performances, ritmos e intensidades diferentes em cada fase da vida. Há dias que queremos ser amados no sexo, há outros que queremos ser devorados e extravasar todos os nossos instintos.

Sexo é sexo. Seja ele casual, romântico ou selvagem. Motivado pelo prazer, amor ou instinto. Não existe certo ou errado. Como cantou a lendária Rita Lee: “Amor sem sexo é amizade. Sexo sem amor é vontade”.

É inadmissível que mesmo o sexo sendo algo fisiológico ainda seja cercado de tantas restrições. As máscaras da civilização nos impedem de encarar o sexo de forma tão natural como ele é. Talvez pela vulnerabilidade que ele nos expõe a outras pessoas. Ou talvez, porque durante o sexo exibimos nosso lado animal.

Reprimir os impulsos sexuais por tabus, medo ou vergonha, impossibilita o entendimento dos próprios desejos e fantasias e, até mesmo, admiti-los aos nossos parceiros. Menáge à trois? Imoral. Experiências sados? Insano. E por aí vai.

Inclusive, me recordei de um caso assim. Em um dos meus atendimentos, uma moça me procurou confessando sobre o desejo em amarrar seu parceiro e dominá-lo no sexo, mas tinha muito receio do que ele pensaria dela, se ela tentasse algo assim. Ela sentia como se estivesse quebrando o pacto da mulher que serve para casar, sabe?

Depois de uma boa conversa e alguns incentivos, finalmente ela teve coragem de realizar sua fantasia e me relatou depois como a experiência de assumir a posição de comando foi extremamente prazerosa para ambos.

E é neste ponto que eu quero que você reflita: quantas vezes não nos entregamos no sexo, porque o colocamos como uma atividade suja, imoral e proibida. Quantas vezes suprimimos fantasias e desejos para zelarmos nossa imagem perante o outro.

Burocrático demais! A gente deixa de viver tanta coisa.

Quem sobrevive a uma vida inteira de sexo morno, chocho e sem sal? Se é para fazer que seja bem feito, intenso, com entrega total. Fazer apenas porque está casado(a), porque teme a traição do parceiro(a) ou somente para provar a sua virilidade, torna o sexo tedioso e sem sentido. Quem sobrevive a isso?

Inclusive algumas mulheres estão preferindo não fazer sexo do que fazê-lo de qualquer jeito. Há um movimento de abstinência sexual deste grupo que reivindica parceiros sexuais mais atentos aos seus prazeres e necessidades durante a relação. Esse é até um tema para aprofundarmos mais aqui em outro momento, não acha?

Se você leu até aqui, espero que se permita ver e viver o sexo numa perspectiva mais livre, leve e divertida. 


Ingrith Oliveira

Prazer, conexão e autoestima, esses são os pilares da especialista em sexualidade Ingrith Oliveira em seu trabalho. Ciente do seu propósito, ela divide com o mundo um universo cheio de possibilidades no Ezili Sex Shop, junto ao seu companheiro Vinícius Santos. A autora também realiza palestras e encontros para mulheres e casais que desejam expandir sua vida sexual. Ingrith Oliveira também é jornalista por formação.

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