BAHIA: UM GRITO DE INDEPENDÊNCIA BEM FEMININO...

  • Laís Sousa

Foto:Reprodução: Uniftec


Por Laís Sousa

Após dias difíceis - em que sentimentos através da empatia, o desconforto, a dor e o desrespeito causado a outras mulheres. Quando fomos todas violadas e expostas a situações que demonstram o controle, ódio e repulsa que a sociedade insiste em despejar no ser feminino e na liberdade de ser mulher -,  a Bahia comemora a independência.

Neste dia em que nosso Estado ensinou ao Brasil o caminho da liberdade, uma mulher precisou se vestir de homem para lutar e fazer entender que podemos sim! 

Com a alcunha de 'soldado Medeiros', Maria Quitéria participou das lutas por mudanças regimentais na política brasileira daquele período e, como primeira mulher a integrar (com disfarce) as Forças Armadas, foi condecorada como heroína anos depois, a partir da década de 1950, tornando-se rosto emblemático na luta de organizações femininas pela anistia durante a Ditadura Militar brasileira (1964-1985).

Para enfrentamento físico, Quitéria só precisava poder ser ela, mas enfrentava um oponente bem maior que as forças portuguesas. Oponentes que, 200 anos depois, continuam a nos afrontar enquanto mulheres, nos lesando, vitimizando e revitimizando, desconfiando da nossa capacidade de conduzir, sobretudo, nossas próprias vidas e corpos. 

Oponentes que ganham força no agressor, majoritariamente do sexo oposto; nas relações de rivalidade entre nós mesmas; nas instituição de justiça e defesa que falham; na relativização, na omissão, na negação, no julgamento e descrédito dos fatos vivênciados. Os oponentes ganham tanto no silenciamento quanto na exposição, no conservadorismo do que não fazia sentido nem há 200 anos atrás… 

Na independência que a Bahia comemora hoje, exaltamos Maria Quitéria para dizer que não vamos esperar mais um pouquinho para abortar corpos infantis violados como foi sugerido à menina de 11 anos no Sul. Não vamos aceitar ser ridicularizadas quando após estupradas decidimos legalmente abrir mão de uma criança como a Klara. Não apanharemos caladas de colega de trabalho ou seja lá que macho e desaforo for! 

A luta de Quitéria, que nos trouxe até aqui, nos mostra sobretudo que não vale a pena abrir mão do nosso feminino para alcançar respeito, liberdade e autonomia. 

Não precisamos lutar como um homem. Nós lutamos como mulheres todos os dias…

Não dá mais!

Se hoje não for por esse grito de independência, nem vale ser Bahia. Feminina. Baiana. Com jeito, forma, canto, santo, encanto que Deus deu e dá…

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Sobre a autora: Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas vagas e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e comentarista por esporte sorte. Vamos fugir!

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Laís Sousa

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