Segunda noite do FIB traz a diversidade de ritmos da música brasileira na potência da voz e das batidas

Fotos: Laécio Lacerda

Por Fábio Agra


A segunda noite do FIB passeou por estilos que vão da MPB ao pagode baiano,mas sem se prender a uma estética ou sonoridade únicas. Djavan, Glória Groove, Léo Santana e Lincoln trouxeram uma pegada diferente para uma segunda noite ainda de calor, mas já com um ventinho frio à medida que se adentrava à madrugada.

Djavan foi o primeiro a subir ao Palco Principal. O músico deu início ao seu show com uma ode aos indígenas e à natureza, à ancestralidade, ao apresentar um texto declamado por Sônia Guajajara, que ele agradeceu em outro momento do show, além de mostrar as artes de indígenas, produzindo uma outra estética no palco. Nesse caminho, Djavan deu sequência com músicas do álbum D, como Num mundo de paz, e clássicos do seu vasto repertório. 

Embora o som estivesse ruim no início, difcultando o entendimento do que se cantava, Djavan deslanchou em danças e sonoridades. Em seu momento mais intimista, com um banquinho e um violão e dedicando o show às minorias, ele entoou Meu bem querer, música ressoada também pelas milhares de vozes presentes.


Ainda nesse momento do show, Oceano emocionou o público. A canção se mostrou que é um dos maiores clássicos da música popular brasileira e é tão profunda quanto seu título. E como se quisesse mandar para a caserna todo obscurantismo instaurado no país nos últimos anos, tocou Iluminado, também do disco mais recente, para pensar em uma atmosfera para um futuro de luz, como disse.

Aos 74 anos Djavan desfilou no palco, embora tenha sido diagnosticado com um distúrbio que pode afetar os movimentos, como foi revelado em entrevista à Revista Veja do Rio há poucos dias. Transitou pelo jazz, como em Cigano, e outros ritmos, mostrando sua vivacidade.

Talvez seja a partir do show de Djavan no FIB que o público pode entender como a linha que estabelece estilos dentro da música brasileira tem se tornado cada vez mais tênue. E é essa pegada que o show de Glória Groove se exacerba através de batidas modernas.

Glória Groove subiu ao palco logo após Djavan. Tocou seu álbum Lady Leste (2022), encerrando inclusive a turnê desse disco durante este FIB, e trouxe várias batidas, vários ritmos, como o funk, por exemplo. Seu vozeirão deu também um novo tom para Samba em Paris, de Baco Exu do Blues, e Malandragem, mitificada na voz de Cássila Eller, e incorporada à Vermelho. A performance de Glória Groove no FIB foi um espetáculo à parte que diz muito da potência da artista e do que é a música brasileira.

 

O sábado terminou em ritmo de pagode baiano. Primeiro Léo Santana chegou chegando e tirando o público do chão. E um dos momentos mais aguardados do seu show, o desafio, levou ao palco quatro pessoas para frasear a acelerada música Posturado e Calmo.

Foi durante este Festival de Inverno Bahia que Léo Santana tocou pela primeira vez na Bahia Golzinho Vermelho, parceria com Nattan, que também se apresenta no FIB neste domingo, e lançada na sexta. Durante o show, o gigante também fez uma homenagem a Marília Mendonça.

E dando continuidade ao pagode baiano, pela primeira vez no Palco Principal do Festival de Inverno Bahia, o cantor Linconl, que no ano passado teve a indicação do público do Palco Vila da Música para ser uma das atrações do FIB 2023, trouxe sua pegada. Em seu show, dividiu ainda os microfones com uma das finalistas do Palco da Música do ano passado, Jô Allmeida.

Neste domingo, Thiaguinho, Pedro Sampaio, Nattan e Matheus e Kauan encerram o Festival, que tem se mostrado oxigenado por tantas batidas. 

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