AVC: Neste ano, doença já matou mais de 87 mil pessoas

Ações de conscientização marcam campanha do Dia Mundial do AVC, em 29 de outubro

Foto: Divulgação


O Acidente Vascular Cerebral já matou neste ano, de 1º de janeiro até 13 de outubro, 87.518 brasileiros, de acordo com dados do portal de Transparência do Registro Civil, mantido pela ARPEN Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais).

O número equivale a média de 12 óbitos por hora ou 307 vítimas fatais por dia e faz do AVC a principal causa de morte no país. No período, o infarto, por exemplo, vitimou 81.987 pessoas e a Covid-19, 59.165 cidadãos.

No dia 29 de outubro, data marcada pelo Dia Mundial do AVC, a conscientização sobre a necessidade de identificação rápida dos sinais do problema e a prevenção ganham ainda mais força, em campanha realizada ao longo de todo o mês pela Rede Brasil AVC e a World Stroke Organization – WSO - Organização Mundial de AVC (leia mais abaixo).

Informações precisam ser cada vez mais disseminadas, uma vez que as mortes pela doença vêm aumentando a cada ano: em 2020, entre janeiro e 13 de outubro, foram 81.913 casos e, em 2021, 84.818 óbitos.

Existem dois tipos de AVC: o isquêmico, que ocorre quando falta sangue em alguma área do cérebro e que corresponde entre 80% e 85% dos casos; e o hemorrágico, quando um vaso (do tipo artéria, raramente uma veia) rompe.

Quando o Acidente Vascular Cerebral ocorre, o tempo é precioso, já que, a cada minuto em que o AVC isquêmico não é tratado, a pessoa perde 1,9 milhão de neurônios. “Por isso, identificar rapidamente os sinais do AVC e o socorro ágil evitam o comprometimento mais grave que pode deixar sequelas permanentes, como redução de movimentos, perda de memória, prejuízo à fala e diminui drasticamente o risco de morte”, explica a neurologista Dra. Sheila Cristina Ouriques Martins, presidente da Rede Brasil AVC e que, neste mês, passa a presidir também a Organização Mundial de AVC.

Idosos, jovens e até crianças - Embora o AVC seja uma condição mais comum em adultos mais velhos, a incidência em jovens e pessoas de meia idade tem crescido nas últimas décadas - aproximadamente um quarto dos AVCs acontecem em pessoas com menos de 65 anos. “Atualmente, há mais casos de obesidade, diabetes e hipertensão na camada jovem e essas doenças estão diretamente relacionadas ao AVC. Há, ainda, fatores como má alimentação e sedentarismo, que aumentam o risco”, destaca. Tabagismo, uso excessivo de álcool e colesterol elevado são pontos que podem somar à origem do AVC.

Apesar de ser mais raro, o AVC também pode afetar crianças e adolescentes, estando entre as dez principais causas de mortalidade na infância, sendo decorrente de uma interrupção brusca do fluxo arterial em um território cerebral. No caso de bebês, pode acontecer após enfrentarem alguma complicação no parto que lhe falte sangue no cérebro.

“Na infância, os principais fatores de risco são cardiopatias, anemia falciforme, distúrbios de coagulação, malformações vasculares, arteriopatias, vasculites sistêmicas, infecções agudas, infecções crônicas, doenças genéticas e metabólicas, linfomas e outros tipos de câncer. No momento do AVC, a criança ou adolescente pode ter perda do nível de consciência, como ficar confuso ou até desmaiar”, relata Dra. Sheila.

Atenção aos sinais - Nos adultos, os principais sinais de um AVC são perda de força súbita e/ou dormência súbita de um braço e/ou perna e/ou face, especialmente em metade do corpo; dificuldade de falar ou entender a fala; tontura; alterações visuais súbitas em um olho, nos dois olhos ou na metade de cada olho; dor de cabeça súbita e intensa, diferente do habitual.

“Ao suspeitar que uma pessoa esteja tendo um AVC, peça para ela sorria e veja se um lado do rosto não mexe. Verifique também se a pessoa consegue elevar os dois braços como se fosse abraçar, ou se um membro não se move e se apresenta fala enrolada. Identificando alguma ou mais de uma dessas situações, ligue imediatamente para o Samu, no 192”, alerta a presidente da Rede Brasil AVC.

Programas de AVC e capacitação - A especialista lembra que o AVC tem prevenção e tratamento altamente efetivos, mas pontua que existe uma enorme falha de implementação na prática daquilo que se conhece na teoria e foi comprovado nos estudos clínicos. “A implementação de programas de AVC se faz de extrema urgência, além do reforço constante de informações para prevenção e, em caso de ocorrência, a identificação e o atendimento o mais rápido possível”, fala.

 

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