A formação médica na pandemia e os aprendizados para a profissão

Com graves repercussões na saúde mental e no processo de ensino-aprendizagem das escolas médicas em todo o mundo, tornaram-se necessárias adequações nesse setor educacional
  • Da Mega
  • Atualizado: 19/10/2023, 01:49h

Foto:  iStock


Por: Irineu Viana*

 

Com o longo período de distanciamento físico imposto pela pandemia de Covid-19, as inter-relações humanas, competências essenciais à boa formação médica, foram bastante afetadas.

Com graves repercussões na saúde mental e no processo de ensino-aprendizagem das escolas médicas em todo o mundo, tornaram-se necessárias adequações nesse setor educacional.

Para reduzir o impacto negativo na formação dos futuros médicos e manter a teorização da grade curricular, a internet e as tecnologias de comunicação passaram a ser utilizadas no chamado ensino remoto emergencial.

Nesse processo, os países de baixa renda, com grandes desigualdades sociais e acesso restrito à internet, se viram em desvantagem.

Se por um lado, a questão das atividades teóricas foi parcialmente resolvida, por outro, uma lacuna se formou no que tange à aplicabilidade prática dos conhecimentos adquiridos. Não se faz um médico apenas com conhecimentos técnicos, o contato humano é imprescindível para a construção do profissional que queremos para o futuro, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva.

O curso de Medicina da UniFG Brumado, com cerca de 6 meses de portas abertas, conta com um currículo integrado baseado em competências, idealizado pelo grupo Ânima/Inspirali.

O aluno é o centro do processo de aprendizagem, tendo o professor como um facilitador nas chamadas metodologias ativas de aprendizagem.

Desde o primeiro momento os estudantes são inseridos nas atividades cotidianas das Unidades Básicas de Saúde do município, relacionando-se com a equipe multiprofissional, participando de campanhas de vacinação, dentre outras ações com repercussões positivas para ambos os lados.

Na Instituição, as atividades práticas, outrora prejudicadas pelo distanciamento físico imposto pela pandemia, continuam a todo vapor nos laboratórios, bem como nos treinamentos da Unidade Curricular de Habilidades Médicas e Estações Clínicas, envolvendo simulações realísticas com pacientes atores e manequins de alta tecnologia.

Os estudantes começam a se organizar para participarem de ligas acadêmicas, projetos de extensão, grupos de monitoria, tudo isso para estreitar os vínculos e aprimorar seus conhecimentos nas trocas que a vida acadêmica permite.

De volta à realidade, mas não esquecendo os ensinamentos propiciados por este período estressante da pandemia, voltemos os olhares para as nossas relações, cuidemo-nos para podermos cuidar e, assim, seguirmos em frente nesse mundo fascinante da educação médica.

 

*O autor é médico, especialista em Clínica Médica e Gastroenterologia, membro titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia, mestre em Saúde Tropical e atual coordenador do curso de Medicina da UniFG Brumado.

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