Titãs foram tudo (e todos) ao mesmo tempo agora!

  • Danilo Souza

Formado no início dos anos 1980, os Titãs são uma das maiores bandas do rock brasileiro - não só em relevância, mas também em quantidade de integrantes, risos. E para quem é fã, os últimos meses foram de muita felicidade já que depois de décadas os membros originais (*com exceção de Marcelo Fromer, morto em 2001) se reuniram todos ao mesmo tempo agora!


Titãs – Foto: Bob Wolfenson

O começo

Boa parte dos membros da primeira formação dos Titãs se conheceram ainda na época de escola, quando estudavam no Colégio Equipe, em São Paulo, no final da década de 70. Os garotos decidiram formar a banda após acompanhar apresentações musicais no Colégio, onde nomes como Novos Baianos, Alceu Valença e Gilberto Gil já cantaram. A banda realizou os seus primeiros shows em 1982 com uma formação que contava com nove integrantes: Arnaldo Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto - sendo esta considerada a “formação original dos Titãs” - além de Ciro Pessoa e André Jung, que saíram do grupo pouco tempo depois. No início, o conjunto recebeu o nome “Titãs do Iê-iê”, utilizado como oficial até o primeiro álbum.

Primeiras trocas de integrantes e primeiro álbum

Dois anos depois, em 84, Ciro Pessoa foi o primeiro titã a sair. No mesmo ano, a banda assinou com a gravadora WEA, iniciando o processo de gravação do seu primeiro álbum e assumindo definitivamente o nome “Titãs”, retirando o “iê-iê”. Já no disco de estreia, os Titãs emplacaram um dos seus maiores sucessos, a faixa “Sonífera Ilha”, que lhes garantiu apresentações na televisão - um dos maiores meios de divulgação daquele momento - em programas como Chacrinha e Raul Gil.

Mesmo com os primeiros indícios do sucesso, muitas coisas (e integrantes) ainda iriam mudar. E mais uma delas aconteceu ainda em 84, com a saída de André Jung e a chegada de Charles Gavin em uma “dança das cadeiras”. André, que estava nos Titãs, foi para o Ira!, e Gavin, que estava ensaiando com o RPM, foi para os Titãs.

Nova formação e novos discos

Sem Ciro e já com Gavin, os Titãs voltaram pro estúdio em 1985 para gravar o seu segundo disco, “Televisão”, com uma boa parte das faixas entrando nas programações das rádios nacionais. Além da faixa-título, canções como “Massacre”, “Dona Nenê” e “Insensível” se destacaram. A banda gravou mais um álbum já no ano seguinte, 1986, o “Cabeça Dinossauro”, considerado por fãs e críticos musicais como o melhor álbum gravado pelo grupo e levando a banda para um outro patamar, com públicos maiores e, consequentemente, maiores cachês.

Já próximo do final da década de 80, a banda ainda entregou mais dois discos inéditos: Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987) e Õ Blésq Blom (1989), além do Go Back (1988), uma seleção de músicas antigas.

Tudo ao mesmo tempo agora! (Mas não mais todos…)

Dando início aos álbuns na década de 90, em 1991 os Titãs lançaram o Tudo Ao Mesmo Tempo Agora, o último disco com Arnaldo Antunes, que saiu por divergências no estilo musical. Apesar disso, a saída foi amigável e Antunes, vez ou outra, participava de algumas composições e participou posteriormente, também, do acústico da banda. O grupo conseguiu manter esta formação durante toda a década de noventa, mas os anos 2000 foram um grande baque com a perda de dois membros praticamente de uma única vez.

A melhor banda de todos os tempos da última semana!

Em 2001, prestes a iniciar as gravações do “A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana", o guitarrista Marcelo Fromer faleceu após ser vítima de um atropelamento, em São Paulo. As gravações foram adiadas, mas o disco foi lançado ainda no mesmo ano, contendo o grande sucesso “Epitáfio”, canção composta antes da morte de Fromer, mas que ganhou um novo significado após o seu falecimento. Entretanto, esse fato abalou Nando Reis, um dos amigos mais próximos de Fromer na banda, e que decidiu sair do grupo no ano seguinte, em setembro de 2002. O conjunto que começou com nove agora eram só cinco.

Década de 2010 e a formação trio

No primeiro ano da década de 2010, mais uma saída. Dessa vez de Charles Gavin. O agora quarteto formado por Branco, Britto, Miklos e Bellotto seguiram se apresentando juntos por mais alguns anos. Durante esse período, gravaram outro álbum de inéditas, o “Nheengatu”, de 2014, e a versão “Deluxe” (ao vivo) do disco, lançada no ano seguinte. Em 2016, Miklos também decidiu sair da banda e os integrantes restantes passaram a se apresentar como um trio. A partir desta formação, os shows se tornaram mais minimalistas, começando a serem apresentados em uma turnê acústica, além de Branco Mello, que enfrentou problemas de saúde e cirurgias que o afastaram dos palcos durante alguns meses.

40 anos de Titãs e a reunião da formação clássica

Em 2022, ano em que os Titãs estavam completando quatro décadas de história, Tony Bellotto confirmou durante uma entrevista, no mês de julho, que existiam conversas para a reunião do grupo, e em novembro foi anunciada de forma oficial a turnê com a presença de Nando Reis, Arnaldo Antunes, Paulo Miklos e Charles Gavin, além de Branco, Britto e Belloto, os três Titãs que seguiram no grupo. Na formação, estava também a filha de Marcelo Fromer, Alice, que fez participações especiais nas músicas “Toda Cor” e “Não Vou Me Adaptar” em homenagem ao pai.

Após shows em todo o país e também no exterior, a turnê se encerrou em março deste ano com a apresentação da banda no festival Lollapalooza, em que foram um dos headliners (atração principal do dia) do evento. Os Titãs são Diversão, são Bichos Escrotos, são Família e oferecem Flores aos seus ouvintes como o ato final da turnê, pois as flores de plástico não morrem, assim como a obra daqueles que foram tudo e todos ao mesmo tempo agora.


Danilo Souza

Estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), músico e produtor audiovisual independente.

danilosouza.jornalismo@gmail.com (Email)
@danilosouza.jornalismo (Instagram)

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