Empatia: o Desafio de Ouvir com o Coração
“Colocar-se no lugar do outro é impossível.” A afirmação do consultor e palestrante Guilherme Bara soa quase como uma provocação, especialmente em tempos em que a empatia virou palavra de ordem nas redes sociais, nas escolas e nas empresas. Mas, quando olhamos mais de perto, percebemos que ele está coberto de razão.
Afinal, ninguém consegue, de fato, calçar os sapatos do outro e percorrer o mesmo caminho. Cada ser humano carrega suas dores, suas potências e suas histórias de um modo único. O que Bara propõe é uma virada de chave: empatia não é “ser o outro”, é acolher o outro. É ouvir o que ele sente e pensa, não a partir da nossa experiência, mas sob a referência dele.
Isso exige humildade. No caso das pessoas com deficiência, por exemplo, é comum ver gestores e colegas tentando adivinhar o que seria melhor para elas — muitas vezes, com a melhor das intenções. “Talvez seja difícil para ele viajar sozinho”, pensam. Mas o convite de Bara é outro: pergunte primeiro. A pessoa com deficiência é plenamente capaz de dizer o que pode fazer e de que apoios precisa para realizar uma tarefa.

Guilherme Bara
Empatia verdadeira nasce desse diálogo. É sair do conforto da dedução e mergulhar no território do respeito. É reconhecer que o outro sabe sobre si mesmo muito mais do que qualquer suposição poderia alcançar.
Se quisermos uma sociedade mais justa e inclusiva, precisamos reaprender a escutar — e escutar de verdade. Empatia não é sobre imaginar a vida do outro a partir dos nossos olhos, mas sobre enxergar o mundo através daquilo que o outro nos revela. É um exercício de presença, atenção e humanidade. Somente assim poderemos viver o respeito genuíno pelas diferenças, não como um discurso, mas como prática diária.
QUEM É GUILHERME BARA
Guilherme tem uma deficiência visual decorrente de uma Retinose Pigmentar, condição hereditária e degenerativa que começou a causar problemas na retina por volta dos 4, 5 anos de idade e foi provocando a perda gradual da visão.
Depois de enfrentar diversos obstáculos para conseguir se estabelecer no mercado de trabalho, começou a se engajar na causa de diversidade e inclusão de pessoas com deficiência. Para isso, atua dentro e fora das empresas, abordando o assunto sempre com bastante respeito.
Entre suas posições de destaque no mercado, já foi coordenador de licitações e marketing da Suvinil e chefe de gabinete da Secretaria da Pessoa com Deficiência de São Paulo. Atualmente, é coordenador do Comitê Executivo de Diversidade da Câmara Brasil-Alemanha.
Como palestrante já realizou mais de 500 apresentações e treinamentos em escolas públicas e particulares, universidades, empresas, congressos e fóruns.
Por Júnior Patente







